Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


DA TERRA À LUA
Julio Verne
Publicações Europa-América

Nos tempos em que não existia a Internet nem eu pensava que viria a existir um espaço onde haveria de escrever sobre Livros já eu viajava pelo espaço à volta da Terra quando lia um dos livros mais extraordinários de um dos meus escritores favoritos. Nesses tempos, Júlio Verne era para muitos de nós quem nos fazia sonhar com viagens extraordinárias que ninguém pensava que viessem mais tarde a ser realidade. Repletas de acção, contava-nos aventuras onde imperavam a coragem que vencia perigos constantes e onde a sua imaginação nos fazia acreditar em engenhos de fantásticas capacidades para alcançar mundos e panoramas até então desconhecidos. Conservo ainda alguns volumes, encadernados a vermelho, gastos de tantas leituras repetidas. Viajávamos com ele, Júlio Verne, ao fundo dos oceanos, ao centro da terra, às gélidas regiões dos pólos, ao nosso satélite que víamos à noite brilhar em pleno céu. Foi considerado e é ainda o grande precursor do género de ficção científica. E o curioso é que muitos dos seus engenhos vieram mais tarde a ser construídos.
Chega-nos agora às mãos através das Publicações Europa América uma edição especial do clássico Da Terra à Lua, sem dúvida um dos mais espectaculares, se é possível destacar algum deles, dos seus livros de então. E isso acontece precisamente porque se assinalam os 40 anos da chegada do Homem à Lua. O Homem que abandonou o seu curso de Direito para abraçar a carreira de escritor de aventuras inigualáveis até então, já nos ajudava a sonhar e a fazer essa viagem cento e quatro anos antes. Saudamos com agrado esta reedição que estamos a ler com entusiasmo relembrando momentos passados que nos faziam ultrapassar a realidade, numa escrita fluente e admirada pelos seus pares e que foi traduzida em cerca de 150 idiomas. Que venham mais nesta colecção dos Clássicos.

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A OBSESSÃO DO FOGO
Umberto Eco
Difel-Medialivros

A Obsessão do Fogo é a prova mais do que evidente do título que escolhemos para este site. Esta obra representa a verdadeira essência do amor pelos livros. Os autores, Umberto Eco na companhia de Jean Claude Carrière, descrevem-nos a sua paixão pelos livros e daí o receio de que, como em muitos casos bem conhecidos, o Fogo os possa destruir. Os que lhes pertencem e os que povoam bibliotecas públicas ou privadas. Mas mais importante ainda é a sua convicção, que nós próprios partilhamos, de que eles nunca desaparecerão e nem as modernas tecnologias, internet, enciclopédias digitais ou ebooks poderão fazer com que isso aconteça. E, à medida que vamos acompanhando os seus fervilhantes diálogos, desfilam nesta páginas que lemos com assinalável interesse histórias admiráveis de personagens reais ou fictícias de tantos autores, momentos da História mundial na história dos livros. Dos hieróglifos, papiros e papel à era digital numa conversa sobre os livros e a evolução da Humanidade. Das referências culturais, ao divertimento, ironia ou dissertação filosófica, assistimos a uma sucessão de conhecimentos descritos com a erudição incontestável de dois autores de reconhecido valor.

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Botânica das Lágrimas
Pedro Foyos

Editorial Hesperia

Este é um livro que faz plena justiça ao título deste espaço. Amor pelos Livros é uma coisa que ambos temos. Eu e o autor. O jornalista e escritor Pedro Foyos é um amigo de longa data. E não fosse eu conhecer os seus dotes profissionais e humanistas para garantir o seu lugar aqui sem sombra de dúvida. Não só pela amizade portanto. Mas pelo que dele conheço. Assim outros livros de amigos pudessem vir para esta galeria. Não porque não sejam dignos de terem sido publicados mas por não obedecerem inteiramente às regras que defini. E este obedece. Pedro Foyos andou a esmiuçar tudo o que era possível num ambiente que eu frequentei em tempos de universitário e em matéria que me é muito querida: Jardim Botânico de Lisboa. Sei o tempo que por lá andou com um amigo comum, meu colega e professor catedrático (Fernando Catarino, outra jóia e mestre). Botânica das Lágrimas é uma narrativa de ficção que retrata o tema actual do “bullying” e das praxes cruéis cujos resultados são evidentes todos os anos. Até quando não se sabe.
Dados divulgados pela UNICEF demonstram que as crianças portuguesas são das que mais sofrem acções de violência física ou psicológica, pertencendo Portugal ao grupo de três países onde mais de 40 por cento dos inquiridos afirmam ter sido vítimas de "bullying". Mas talvez este livro de Pedro Foyos em que um menino-herói procura combater por meio da imaginação e do sonho tais actos que eu ousaria chamar de vandalismo possa ajudar a encontrar soluções. Todos os episódios estão fundados na realidade. E apenas a maestria de Pedro Foyos nos indica um possível caminho. Razão mais do que suficiente para eu o referir aqui.

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NINGUÉM ME TIRA OS MEUS FILHOS
Editorial Presença
A HEROÍNA DO DESERTO
ASA Editores
Donya Al-Nahi

Uma explicação indispensável, segundo julgamos, sobre estes dois livros e porque aparecem em conjunto. Donya Al-Nahi, a autora, escreveu a mesma história, interessante e actual, com dois relatos (mais simplesmente duas versões literárias) diferentes. Porquê? Não o conseguimos saber junto dos editores portugueses que se limitaram a comprar legalmente os direitos a dois editores ingleses que os publicaram em 2003 e 2005. Donya é uma inglesa convertida ao islamismo que dedicou uma parte da sua vida a resgatar os filhos de outras mulheres, casadas com muçulmanos, às quais os maridos tinham raptado os filhos, levando-os para o oriente, após o que vem ela própria a ser a vítima, iniciando uma corajosa aventura, para reaver os seus dois filhos raptados pelo marido, de nacionalidade iraquiana. Cerca de uma dezena de histórias para contar e a dela própria, sofrendo os perigos do deserto e até a prisão para que Ninguém tivesse o direito de separar uma criança da mãe. Histórias actuais de um problema que tem originado fortes debates sobre as relações do mundo ocidental com o islamismo, estes dois livros merecem ser lidos. Melhor dizendo, um destes livros que aqui se encontram juntos mas que são como dissemos baseados na mesma história, com variantes do número de capítulos e modo de a expor. Aos leitores, a escolha do primeiro publicada em 2008 pela Editorial Presença ou do segundo mais recentemente, pela Asa Editores, em Agosto de 2009.

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O PRAZER DA DESCOBERTA
Richard Feynman
Gradiva
Nunca escondi a minha grande admiração por Richard Feynman. Creio que possuo todos os seus livros, quase todos editados pela Gradiva na Ciência Aberta. O Prémio Nobel da Física em 1965, o homem que numa corrida contra o tempo, juntamente com outros cientistas, nos iria dar a bomba atómica antes dos Alemães a conseguirem (do mal o menos, direi eu) é um cientista e escritor multifacetado. Quando lemos as suas obras, aprendemos aquilo que outros não conseguiram explicar-nos, recordamos conceitos esquecidos, projectamo-nos para o futuro, rimo-nos até (Está a brincar, Sr. Feynman). Mas uma das suas obras mais recentes explica-nos muito mais o que ele é ou foi, porque conseguiu saber tanto ou apenas chegar à conclusão de que ainda lhe falta muito para o saber e de como explicar tudo isto, toda esta fome de ir mais além na conquista do conhecimento. E ao descrever-nos como é possível sentir “O Prazer da Descoberta” Feynman revela-se mãos uma vez o conversador admirável que sempre foi e até gostava de ser. O livro reunindo textos de algumas das suas conferências, explica-nos como é a ciência por dentro, como nascem as ideias e como é difícil esse parto e não deixa de abordar o problema da ciência e da religião, sempre tão angustiante para crentes e ateus. Aplausos para Feynman que não gostava deles, na sua simplicidade que é e será sempre a característica dos homens verdadeiramente homens.

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O DESAFIO GLOBAL
Nicholas Stern
Esfera do Caos Editores

Uma das questões mais debatidas hoje em dia por diversas entidades desde os cientistas a diversos organismos internacionais, relacionadas com o meio ambiente, é sem dúvida a que diz respeito às alterações climáticas. Em Dezembro vai realizar-se a Conferência Mundial para debater o problema e por isso é bom que se esclareçam algumas questões. Se há quem afirme que tais alterações foram devidas à intervenção do homem existem aqueles que defendem que apenas a Natureza tem tido e continuará a ter a possibilidade de levar a cabo tais alterações. Enfim, entre as divagações de um e de outro lado, apresentando gráficos, estatísticas, medidas, etc. uma coisa é certa: estamos a viver um período em que temos de defrontar as alterações climáticas que estão por aí em todo o globo nalguns casos com trágicos resultados. Em 2006 é publicado o célebre Relatório Stern recentemente publicado em Livro pela Esfera do Caos sob o nome de Desafio Global. Nicholas Stern é juntamente com Al Gore uma das personalidades que mais tem estudado o impacto das alterações climáticas na economia e política mundiais. Stern defende teorias que podem transformar em oportunidade o drama das alterações climáticas. Uma mudança radical no modo como agimos diariamente a nível pessoal e empresarial pode constituir afinal, segundo Stern, uma oportunidade de abrir o caminho para a prosperidade. É esse o Desafio Global que temos de enfrentar se queremos merecer o futuro, afirma Viriato Soromenho Marques, professor docente da Universidade de Lisboa e conhecido ambientalista, no prefácio a esta obra. Parecendo não estar totalmente provado, como dissemos, que o Homem tenha sido o causador destas alterações climáticas, pese embora a sua acção destruidora da Natureza a que pertence, não deixa de ser importante, para os que desejem estar elucidados sobre o modo de resolver o problema, ler este livro e avaliar as soluções propostas por Nicholas Stern.

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